Para as eternas crianças que habitam em grandes homens: Lucas e Marcos
Lucas e Marcos eram duas crianças inteligentes, gostavam de brincar perto da margem do Rio Paraguaçu. As brincadeiras preferidas eram numa velha canoa encalhada, os meninos fingiam ser grandes marinheiros desbravando as águas doces e tranquilas do nosso Rio Paraguaçu e daquele local muitas histórias iam surgindo.
Da velha canoa presa a uma corrente, Marcos viajava, viajava… ganhava o mundo, enquanto Lucas apenas observava a paisagem. Eufórico, Marcos gritava:
_ Lucas, estamos chegando na Serra do Cocal, em Barra da Estiva, veja!
Lucas sempre admirando a paisagem e o livro que estava em sua mão, tranquilamente respondia que era ali que o Rio Paraguaçu nascia. Marcos entusiasmado, continuava a comandar a sua velha canoa:
_ Lucas, nós iremos passar em Iaçu, Mucugê, Itaetê, Cachoeira e São Felix…
Lucas sabia que aquelas cidades eram banhadas pelo Rio Paraguaçu. Ah, o local preferido dele era descansar perto da ponte Severino Vieira, na cidade de Iaçu. A tão conhecida Ponte Velha, tão velha quanto aquela canoa, e cheia de lendas também. E fala para seu grande amigo Marcos:
– Amigo, chegando em Iaçu, pare! Ficarei lá. Você poderá prosseguir, mas eu prefiro ficar…
E todos os dias, lá estavam eles na velha canoa. No mundo da imaginação Marcos viajava pela Bahia através das águas do Paraguaçu. Enquanto Lucas, apenas admirava a paisagem e a leitura. Um dia Marcos perguntou a Lucas, o porquê ele não saia daquela canoa velha, o que ela tinha de especial para ele não querer viajar naquela canoa. E Lucas respondeu:
– Quem disse que não viajo numa canoa velha? Eu gosto desse lugar porque daqui eu tenho a visão mais linda que já vi. Daqui eu vejo o Sol nascer sorrindo para mim. E é daqui que vejo o mais lindo pôr-do-sol. Viajo muito, talvez, até mais que você.
Marcos, coçou a cabeça, sem entender direito a fala do amigo e pergunta:
_ E como você vai conhecer os lugares se não descer da canoa, meu amigo?
Sorrindo, Lucas balança o livro que estava em suas mãos, e diz:
-Através dos livros eu viajo pelo mundo! Eu admiro cada flor, árvore, paisagem e pássaros encontrados nessa travessia.
Os dois amigos se abraçaram e recomeçaram novas viagens, cada um buscando caminhos diferentes, mas felizes. Lucas ensinou a seu amigo Marcos que o percurso é mais importante que a chegada. Enquanto Marcos conduzia sua canoa, Lucas viajava no mundo da literatura e compartilhava as descobertas com seu grande amigo. Juntos transformavam as velhas canoas em navios, iates e entravam naquele mundo fantástico que só os grandes amigos compartilham.
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