Todas as noites um grupo de senhores se reuniam naquela
Praça, conhecida como Praça dos Ferroviários. E ali os mais diversos temas eram
discutidos, variavam entre futebol, mulher e política. Todos sabiam que aquele
banco tinha dono, com todas as letras “Banco dos Velhos”.
Como espécie de ritual, um se achegava, esperava o outro e
mais outros. Quando um demorava logo o celular era usado, a reunião no “Banco
dos Velhos” acontecia. E não é que a
pequenina cidade Iaçu, os velhos aumentaram? Não se sabe quem, mas de repente, do lado daquele banco, um outro banco
apareceu. Ficou estanho dois bancos, um juntinho do outro como se fossem dois
namorados.
De repente, um disse que o outro disse que havia um vírus lá
longe... Agora, além do futebol, mulher, política entrou mais um assunto na roda
de conversa, o tal vírus que está atacando os velhos. E os vídeos humorísticos
com o tal do corona iam sendo circulados, talvez, com aquele desejo oculto de tudo
não passar de uma piada de mau-gosto. Não foi. Sorrateiramente, o vírus,
conhecido como COVID 19 chegou naquela pequenina cidade. A pandemia que
assolava o mundo não tem cabresto, nem tem freio, nem muito menos ideologia
política ou religiosa. Devastando sonhos, o vírus corre o mundo desenfreado.
Isolamento social, máscaras, álcool em gel, quarentena são
usados para tentar impedir a entrada no vírus. Os velhos correram da Praça dos
Ferroviários, e o vírus inicialmente, ganhou um apelido “caça-velho”, isso porque achavam que o
alvo eram os idosos. Ah, quanto engano! Ele não faz seleção antes de atacar,
ninguém está imune, sejam novos ou velhos, gordos ou magros, adultos ou
crianças. Escolas fechadas, crianças escondidas, silêncio, muitos silêncios nas
ruas. Mas de todos os silêncios, o mais
gritante é olhar para o “Banco dos Velhos”.
Elisabeth Amorim
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