terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Quanto vale a arte? ( Crônica de Elisabeth Amorim)

Estátua Viva do Farol da Barra/2019


    A sociedade contemporânea vive numa agitação intensa que mal tem tempo para apreciar uma obra de arte. Principalmente,  se a arte se encontra num espaço fechado como um museu ou teatro por exemplo. Isso, não levando em consideração o custo que uma visita básica a um espaço cultural irá provocar no bolso de cada um. Consequentemente, a arte se distancia do povão. Mas, não na Bahia...      Vixe mainha, que povo criativo é esse?
    Há um ano andando pelas ruas da linda cidade de Porto Seguro passei a observar a estátua viva que toda noite ia para o seu “pedestal”. Imóvel por alguns minutos até que alguém resolvesse atender ao seu apelo “Quanto vale a arte?” e contribuir com a caixinha, depositando alguma cédula. Assim, a estátua vibra a cada contribuição. Entrei no clima das doações e me divertir bastante com aquela estátua, a tal ponto que resolvi escrever sobre ela que através do link você poderá conferir se quiser, arte é assim mesmo, apelamos porque gostamos de divulgar nosso produto.


E não é que no último sábado, no Farol da Barra (Salvador)  duas estátuas vivas exibiam seus talentos.  Em momentos de crises, “quanto vale a arte?” Fiquei a distância observando uma e outra, as pessoas passavam, olhavam e continuavam andando. Apreciavam o mar, o Farol, o céu, a lua, a grama. Quem aprecia a arte? Contemplar o belo custa  caro, sabia? Apenas um pouco de atenção.
Estátua Viva do Farol da Barra/ 2019

Logo a primeira estátua, a que estava mais próxima do Farol percebeu que na sua caixinha nada ou quase nada entrava. A sua imobilidade encima do seu banquinho chegou ao ponto máximo e praticamente em vão, ninguém contribuía com a arte. Ela pulou do banco, arrancou a peruca e sumiu no meio do povo que vai e vem sem nada perceber, apenas uma escritora atenta e atônita: - Jogou a toalha!
Agora só me restava a segunda estátua viva do Farol da Barra, decidi aproximar mais um pouco, não quis deixar cédula alguma também. Pois, naquele momento, achei tão violento aquele subemprego, mesmo lindo, mas tão invisível aos olhos alheios. A estátua ficava minutos numa mesma posição, as pessoas passavam, passavam, passavam... E eu a espreita, como não registrei a fuga da outra, essa eu não queria perder um detalhe.
                       Elisabeth Amorim em Porto Seguro/ janeiro 2018
                                                  


Olhava para a estátua parada mostrando a sua arte, quanto vale uma arte? Algumas moedas perdidas no fundo da bolsa? Assim, como escrevi sobre o artista lá de Porto Seguro, escrevo também para as artistas do Farol da Barra. Dizer, mesmo o quê?
Companheiras, a arte está no sangue que corre pelas veias de cada artista. Terá dia que a caixinha permanecerá vazia, mas o coração trasbordará de alegria, paixão, vontade, querer, porque o coração do artista jamais se esvaziará.

                             Elisabeth Amorim
                            Salvador, janeiro 2019


segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Quem precisa morrer para você ver o Senhor? ( mensagem cristã)




A Palavra bíblica analisada ontem (domingo, 20) no Culto de Consagração na Primeira Igreja Batista foi impactante, pelo menos para mim. E o Pastor Marivaldo da Silva é um ser iluminado, parece saber o que precisamos ouvir, mesmo que doa, estremece as nossas estruturas, mas uma lição forte, baseada no livro de Isaías, sendo que o foco foi o capítulo 6 especificamente nos versículos 1-3.
Em síntese mostra que no ano em o rei Uzias morreu, o profeta Isaías conseguiu ver o Senhor. Lembrando aos leitores cristãos que Isaias, diferente de muitos outros, era um profeta que tinha uma relação amistosa com a nobreza, ele, praticamente, tinha acesso livre nos palácios. E foi justamente nesse ponto, que o pastor Marivaldo foi magistral. Pois ele chamou a atenção que muitas vezes por comodidade no nosso local de conforto, esquecemos de buscar o Senhor, porque a riqueza, o ouro, o poder, a bajulação, o status social ofuscam a visão. E ele vai além:
“- Que rei precisa morrer para você ver o Senhor?”
Essa pergunta (provocação) do pastor Marivaldo me fez refletir e o resultado é esse que eu vos apresento.  Infelizmente, é uma cruel realidade. As pessoas vivem em busca de coroas, poder, status. O lugar do trono está sempre ocupado nas mentes e vidas das pessoas. Hoje, são vários entretenimentos que “roubam” o trono e o tempo. Vivemos uma geração cansada, cheia de atividades realizáveis em excesso, mas vazias do espírito santo.
E sem tempo para Deus, humanos se desumanizam. Só quando perdem ou estão perdendo a coroa, notam que há um Deus Grande que nos aceita com as nossas imperfeições, fraquezas, defeitos, birras e cia.  Assim, como aconteceu com o profeta Isaías, como sentiu que poderia perder as regalias oferecidas para os amigos do rei, conseguiu ver Deus. E incrível, o que estava preparado para ele era bem maior.
Olhe para você mesmo! Veja se há um rei ai dentro invadindo todos os espaços,    e que não sobra tempo nem para agradecer o quão grande é o teu Deus. Hora de matar o rei que você alimenta dentro de si.  Esse rei poderá vir revestido de orgulho, inveja, raiva, rancor,  pirraça... ele usará mil truques para disfarçar e permanecer aí dentro, mas na vida de um cristão, quem é digno de toda honra, glória e coroa é o nosso Deus.
                                                      Elisabeth Amorim


sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Marcas na areia ( crônica)


Elisabeth Amorim 
É muito bonito apreciar a arte de alguém. E fiquei alguns minutos observando um jovem que escalou dunas no Parque Nacional de Jericoacoara(CE) para na metade do caminho  fazer o nome com os pés em letras garrafais, associado ao nome de outra pessoa, naturalmente para registrar e compartilhar o quão grande é o seu amor, capaz de escrever na areia. Já pensou se amada vier conferir o registro e só encontrar as pegadas?
Fazer o nome na areia é uma tarefa cansativa, pois as dunas são movediças,  exige habilidade e equilíbrio e mais uma série de competências para que  a arte final  fique apresentável visualmente. No entanto, todo aquele trabalho tem um prazo curto de validade, a natureza juntamente com os pés humanos  se encarregam de apagá-lo rapidinho, e toda a energia gasta foi em vão.
Não esperei o final daquele trabalho, mas iniciei um outro que resultou nesse texto, um registro autossustentável.  Enquanto ele escrevia na areia,  observava que lentamente os pés agiam, formavam as letras…  eu pensava: Quanta competência desperdiçada!  Às vezes, agimos do mesmo modo daquele rapaz, insistimos em deixar nossa marca na areia e esquecemos o quanto a natureza conspira a favor do vento.
Em vez de escrever na areia, enfrente as dunas! Suba, desça, pule, escorregue. Porque as marcas que você deixa na areia se misturam com outras marcas, inclusive com as marcas do vento e da chuva. O seu nome na areia será apagado tão rapinho, às vezes, antes de você chegar  a letra final. Agora quando você aprende a ser inesquecível para alguém, isso nem o vento, chuva, pegadas são capazes de apagar as suas marcas . E se oportunidade tivesse diria aquele  jovem: Não deixe marcas na areia porque isso, nós, artistas das palavras, fazemos diariamente…
Elisabeth Amorim
Jericoacoara/ 2019

Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim