sábado, 21 de outubro de 2017

sábado, 14 de outubro de 2017

Simplesmente, professora...


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Sou muito feliz, não porque esperei a felicidade bater à minha porta, mas porque nunca aceitei alimentar tristeza, decepção e desesperança.    E  se algo me desagrada, aborrece, vou eliminando-o  da listra de prioridades,  tenho que pensar naquilo que  gera esperança,  o ser humano nasceu para ser feliz. E acredito  e invisto nesta teoria.
 Não vou dizer que sou feliz porque sou professora,  professor é profissão como outra qualquer.  Tem seus encantos e desencantos, mas se eu fosse médica, gari,  advogada, zeladora ou desempenhasse  outra profissão, acredito que ainda assim, escolheria a felicidade,  Sou feliz porque não aceito da vida menos que a felicidade. Sou feliz porque não deixo o mal invadir meu ser, Deus é minha fonte inesgotável de prazer , alegria, satisfação, bebo dessa  fonte todos os dias;
Sou feliz porque Deus me ama de forma incondicional. No meio de uma multidão   Ele me notou com meus defeitos e qualidades. Tocou-me de forma especial.  E onde estiver, elevo meus olhos para o alto e agradeço a Deus pelo abraço.  Enquanto estiver no exercício da função darei o meu melhor, por isso, sou  abençoada por Ele todos os dias. . Porque sem Ele nada sou, com Ele simplesmente, professora, escritora, pesquisadora,  crítica cultural, contista, cronista,  poetisa ... mulher plena!
                             E. Amorim

 * foto do arquivo pessoal do blog toque poético.









sábado, 7 de outubro de 2017

Um par de botas (crônica)

Vicent Van Gogh, Um par de botas, 1885
Não sei, talvez, era um sonho bobo. Mas alimentava-o diariamente.  Influência da televisão nova que chegara em sua casa. Ela ocupara a sala principal, enquanto todos  paravam para admirá-la, Simba nem era notada como gente.  A TV era pequena, mas mandona, dela que vinha a ordem diariamente: – Consumir! Imitar! Adorar!
Hipnotizados obedecíamos e continuamos fiéis a ela. E no calor da juventude, a mocinha negra e pobre ficava a invejar as artistas  maquiadas, unhas grandes e bem pintadas,  roupas extravagantes, com certeza, um luxo bem distante do orçamento das  admiradoras.  Simba era o seu nome, se tinha outro, ela não revelava. Apenas os colegas de escola sabiam que Simboline era nome de gente. Gente? Será?
Desde o dia que Simba viu sua atriz predileta usando botas, ficou a imaginar um par de botas nas suas longas e finas pernas.  Simba não acreditava em Papai Noel nem   coelhinho de páscoa. Seu pai era um ajudante de pedreiro,  o único saco que carregava nas costas era de cimento, e não era vermelho… Não! Nem adiantava pensar em quebrar o cofrinho, as poucas moedas não cobririam o valor das botas desejadas.
Num dia como outro qualquer, a sua mãe, catadora de papelão, chega da rua com várias sacolas de roupas usadas e numa delas, encontrava-se um par de botas. Não era exatamente como Simba sonhava, mas botas eram botas!  Com um pouquinho de graxa, limpeza, aquelas botas velhas poderiam durar mais um pouco. Simba comemorou. Sabia que aquelas botas eram a realização do sonho. E ficou ansiosa, circulando a mãe:
_ Mãe, a senhora trouxe essas botas para mim?
A mãe de Simba parecia refletir sobre o que fazer com aquele material, olha para os pés da jovem, em seguida olha os próprios pés, confere o tamanho… Não! As botas dançavam nos pés.  Dona Chica estica os braços, meio contrariada,  passa as botas para Simba.  No mesmo instante o sorriso iluminou o rosto lindo de Simba. Os dentes pareciam mais alvos de felicidade. Foi correndo para o seu quartinho, onde dividia com sua irmã Marta. De forma frenética, limpa-as removendo toda a sujeira de algum porão… Calça as botas reluzentes e pela primeira vez sentiu que era uma artista. As botas de salto alto, cor preta, cano longo deram um destaque as pernas finas de Simba.
Enquanto Simba andava de lá para cá, no seu “toc, toc, toc…” Marta chega da rua,  olha invejosamente para Simba. E pergunta irritada:
_ Por que você está  usando  essas botas? Quem te emprestou?
Simba não conteve a felicidade  e responde com os olhos brilhantes:
– A bota é minha! Nossa mãe ganhou na rua e como não serviu para ela…  me deu. Não é linda? Agora estou parecendo uma artista da televisão…
Marta nada responde e vai ao encontro da mãe. E sem aviso prévio diz irritada:
_ Mãe, cadê a bota que a senhora trouxe para mim?
A mãe em silêncio olha à sua filha predileta. Marta insiste:
-Mãe, eu quero aquelas botas que Simba está usando! Aquelas botas são para mim!
Simba acompanhou tudo de perto, volta correndo para o seu quarto. A mãe sem dizer uma palavra, vai atrás de Simba. Encontra-a sentada na cama, chorando convulsivamente, ao mesmo tempo em que se desfazia do seu sonho. A mãe ajuda-a com um puxão mais firme e sai do quarto com um par de botas nas mãos.
Elisabeth Amorim*

* Leitor, estou em busca de parcerias para publicação, caso você conheça alguém que se interesse, por gentileza, indique meus textos para análise.  Agradeço. 

Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim