sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Quem sou? ( soneto)

*

Não adianta eu me apresentar
Gritar meu nome
Indicar o meu lugar
Há sempre uma dúvida que consome...

Aff! Que terra de gigante!
Nela precisei  me cobrir
Para não passar por ignorante
No lugar em que nasci.

A dúvida não abandona
Dou voltas sem cessar
Não encontro nenhuma carona.

Tupã! Jaci! Por favor...
Acordem todos os deuses e me respondam
Quem sou?


                                                              Elisabeth Amorim


* imagem é arte de  LAURO WINCK ( disponível no blog do artista que leva o mesmo nome)

sábado, 22 de agosto de 2015

Quando o vento parar...(poesia)

Quando o vento parar...

Estarei aqui
No mesmo lugar.

Quando o vento parar...

Talvez eu tenha mudado
Talvez eu queira ficar.


Quando o vento parar...

Não precisarei agarrar minha saia
Você não terá para onde olhar.

Quando o vento parar...

Darei o meu melhor sorriso
E em seu braços irei buscar.

Quando o vento parar...

Acalmarei o seu medo
E em sua mão irei segurar.

Quando vento parar...

Não terá mais desculpas
Logo virá me encontrar.

Quando o vento parar...

Subirei para o céu
Para uma estrela pegar.

Quando o vento parar...

Quando o vento parar...
Quando o vento parar...

Parou? Parou.
Agora só nós dois.
E o sopro do amor.

                                                           Elisabeth Amorim

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O homem que virava lobisomem ( Lenda de Iaçu /3)

*

Cidade de interior que se preze precisa ter um lobisomem.  E não é que esse tipo esquisito já fez historia por aqui?  Isso já faz mais de  trinta anos, quando fui “apresentada” a  um lobisomem iaçuense.  Não acredita?  Então senta um pouquinho para mais essa…

Ele era um senhor baixinho, andava rápido, sozinho e era apontado como  o “homem que virava lobisomem”.   Por quê?

Conforme os causos da época  o  “lobisomem” _ essa  mistura de lobo e homem_  passa por essa transformação quando na família havia o nascimento de sete  meninos consecutivos. O sétimo filho do casal para livrar-se da maldição teria que ser batizado pelo mais velho. E se isso não ocorresse,  esse caçula viraria lobisomem…  em noite de lua cheia, se deitava num local onde os animais dormiam ,  preferencialmente num pasto e lá de olho para a lua a metamorfose ocorria. Essa espécie de animal vivia a procura de crianças pagãs.

E o tal senhor ao passar pelas  ruas da cidade, as crianças ( que sabiam da história) fugiam.  E os inocentes logo eram avisados para se afastarem dele.

Ainda corria de boca em boca que o “lobisomem iaçuense”  já  tivera esposa e filhos, só que  viviam na zona rural. E numa noite de lua cheia, ele havia saído para dar uma volta, enquanto sua mulher ficara em casa com um bebê recém-nascido. E de repente ela percebeu arranhar a porta, ao aproximar  nota a presença de um lobisomem. Protege a criança com um xale de lã e a criatura esquisita invade a casa e tenta morder  a criança. Não se sabe como, a mulher consegue defender o filho e livrar-se do animal que entrara em sua casa.

Bem mais tarde, quando o esposo chega  ela fala do susto que havia passado. Ele  não acredita na versão ouvida, acalma a esposa e vão dormir. Ao amanhecer  a esposa percebera  fios da lã  presos nos dentes do esposo.  Assombrada  o abandonou.

O resultado é que antigamente nesta pacata cidade,  o tal  “homem que virava lobisomem”  andava sozinho, naturalmente já morreu nos dias atuais.  Dizem que  lobisomem visita  sempre casa que tem bebê  pagão, ou seja por conta da maldição que ele carrega por não ter sido batizado, tenta “descontar” em outros bebês.
Verdade ou mentira? Se confirmarem que o povo aumenta um causo mas não inventa...

                           E. Amorim


* Edu Cardoso, Lobisomem. ( disponível na web)

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Quero (poesia)


Quero te amar
Falar baixinho ao seu ouvido
Palavras para te alegrar
E que jamais perderão o sentido.

E quando mais tarde
A lua aparecer
Não serei uma miragem
Estarei aqui com você.

Quero tanto e tanto...
Que esse amor seja infinito
Substituindo o pranto
Pelo  sorriso bonito.

Quero minha felicidade de volta
Você roubou minha paz
Ainda se esconde atrás da porta
Fingindo-se não me querer mais.

Quero a sua decisão
Meias verdades, nem pensar!
O segredo da união
É aprender o verbo doar.


Chega de ilusão!
Domine o seu medo de vez.
Se não queres,  coração...
O nosso amor, “era uma vez...”

                                                  E. Amorim


quinta-feira, 13 de agosto de 2015

I N S E N S A T E Z ( soneto)


Sem domínio da razão
Faz loucuras de amor
Entre as brigas e paixão
Um coração chora de dor.


Quanta estupidez!
Só xeque-mate para você.
Faz da vida xadrez
Quem joga pode perder.


Parto, não dá mais.
Sonhos frustrados, desilusão
Não olharei para trás.


Antes de sair mais  uma  vez...
Uma chance. Imploro, só mais uma chance.
Alimente a minha insensatez.

                              Elisabeth Amorim




sábado, 8 de agosto de 2015

Nascimento de Iaçu (cordel)

 
   
 I
Atenção pessoal
Dessa vez é pra valer
De IAÇU vou  recontar
O que estão careca de saber
Pra início de prosa
Parabéns, Iaçu! Amo você.
        II

Localização territorial
Piemonte do Paraguaçu
Um lugar sem igual
Chamado de IAÇU
Onde há uma literatura muito criativa
 Em rede de Norte a Sul
III
Como surgiu  essa cidade?
Responda logo, quero saber
Ela é filha de uma fazenda, é verdade?
“Sítio Novo” respondendo a você.
Que pertencia a Santa Terezinha
Até a bendita nascer.
 IV
Então IAÇU surgiu
Do grito da emancipação
Banhada pelo rio
Que ajuda a região
PARAGUAÇU é o seu nome
Uma grande atração.
V
Vou contar do comecinho
Conforme o fato narrado
Se aumentar um pouquinho
 Não condene esse pecado
Desde a colonização
Esse local foi destacado.
 VI
Seu nome é de origem tupi-guarani
“Água em abundância” é a tradução
Terras herdadas da coroa portuguesa, aqui
O Estevão Baião Parente pôs a mão
Em 1882  com a chegada da Ferrovia
Começou a entoar uma nova canção.
  VII
Chega gente de lá para cá
Candangues eram atração
Família Medrado era dona do lugar
Enquanto as terras dessa região
Cachoeira, Curralinho e Santa Terezinha
Já fizeram a administração.
   VIII

Questão agrária gera confusão
E a nova população do  “ Sítio Novo”
Ansiava pela libertação
E para alegria do povo
Em 14 de agosto de 1958
E povo sorriu de novo.
    IX

É uma cidade  menina...
Mulher de Branco, Mulher da Trouxa, Serpente do Paraguaçu
Cadeirudo, Lobisomem,  Rasga-mortalha, a coruja assassina
E Nego D’água entre outras, são lendas de Iaçu.
O Pote e As Três Gameleiras atrações desse lugar
Onde o  céu geralmente é mais azul.
    X
Quase 30 mil habitantes neste lugar
Beneficiados pelo progresso da vizinha
Desde que a ferrovia veio para cá
Há causos da velha ponte que faz essa linha
Iaçu-Itaberaba e Itaberaba-Iaçu
E o que temos de mais forte, será que você advinha?
    XI
Abóbora, objetos artesanais e melancia
São produtos  da nossa praça
Mas a riqueza que fantasia
Que a coloca no pódio com garra e  raça
É a LITERATURA DESMONTADA que propagamos
 Onde a poesia é nossa graça.
       XII
Amigos,  preciso agora encerrar
Se você quiser conhecer a nossa cultura
O Toque Poético* vai lhe mostrar
A cidade é forte na LITERATURA
Só falta  aquele americano de “Tendas dos Milagres” ...
Para Iaçu em “Paraty” se transformar.

                                   Elisabeth Amorim


·        * referência ao blog  que divulga a literatura baiana não-canônica “toquepoetico.wordpress.com”

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Luz na escuridão


Cadê a lua?
Onde as estrelas se esconderam?
Apenas meus pensamentos voam
E encontram pouso em Ti.
Luz na escuridão.
Presente em mim.
Como uma borboleta e a flor
Solitárias na noite escura.
Encontram-se casualmente
E as luzes próprias
Iluminam o caminho.
Assim como Ti
Mesmo em noite de tempestades
O seu brilho invade o quarto
Na escuridão das horas.
Inconfundível
 Como  um clarão de um raio
Presente em mim.
Absoluto,

Deus.
                  E. Amorim

sábado, 1 de agosto de 2015

Caminhos (mensagem)


Na trajetória da vida por mais espinhos que você tenha pisado na largada, por mais sujeira que tentou colar na sola dos seus pés  ou  armadilhas tentando impedir o seu caminhar,  o importante é como você soube lidar com os obstáculos e cumpriu a sua jornada, atingiu  a sua meta  com a consciência tranquila. Porque muitos saem na largada, mas poucos ultrapassam a linha de chegada.   
Não pense que é fácil vencer. Não pense que é fácil conquistar. Não pense que é fácil  driblar  a dor, a doença, o desemprego,  a fome, e talvez pior, driblar a ignorância,  mas muitos conseguem. Muitos saem da lama na qual foi jogado e se erguem e caminham, caminham  e vencem.   Sabe por quê?  Porque temos vários caminhos a nossa frente. Podemos prosseguir o mais estreito ou o mais largo. O mais curto ou mais comprido. O mais florido ou com apenas árvores frutíferas.  O mais fácil ou o mais difícil.  A vida é assim, permeada de caminhos, atalhos e curvas.  Nem sempre o caminho mais curto é o melhor, mais fácil ou  mais satisfatório.  Busque sempre a sua consciência. Seja ético em qualquer decisão escolhida.
Quando digo que temos vários caminhos, porque poderia sentar-me numa curva qualquer  e lamentar por problemas mais velhos que o mundo: Preconceito racial,  prostituição,  violência urbana, discriminação,   corrupção, desemprego...  lamentação  é apenas  um caminho.  Podemos buscar outros caminhos?   Há quem prefira atalhos, chegar primeiro,  pular etapas não significa “ser  vencedor”.  Por outro lado, há caminhos que nos conduzem para o bem.  Há caminhos que direcionam para ações solidárias, éticas e inteligentes.
Qual é o melhor caminho? Essa resposta está dentro de cada um.  Nem sempre o meu melhor é compartilhado pelo leitor ou vice-versa.  A vida é uma via de mão dupla, ela vai e vem.  As nossas ações são circulares e  assim como Martin Luther King dissera um dia “I have a dream!” eu  também quero sentir orgulho de ver esse país modificado, com  as portas abertas para a literatura local.  Quero conhecer pessoas que compartilhem literatura, pintura, escultura  nas redes sociais, o que ganharemos? Cultura.   E em mim, aquela satisfação de sugerir caminhos...


                                                                    Elisabeth Amorim

Literatura de mainha 6 - Afirmação de identidades

 Mais um vídeo para você prestigiar.  Textos básicos; O sapo - Rubem Alves O sapo que não virou príncipe - Elisabeth Amorim