Recentemente mensagens de alertas contra uma tal “baleia” que está “engolindo” os jovens não
param de chegar nos grupos de whats app. Conforme relatos e noticiários dos telejornais, adolescentes de
alguns países, inclusive do Brasil, resolveram participar de jogos virtuais perigosos e as consequências
são fatais, levando-os as mutilações suicidas. Que lamentável! Em pleno século XXI, jovens com um
mundo de informações a seus pés, trilham
pelo submundo da internet.
Quem de nós não passou por uma fase ruim na adolescência que atire
a primeira pedra? Quem nunca sentiu
falta de um carinho? Nem por isso deixamos de honrar pai e mãe, nem esquecer os
ensinamentos que eles nos passaram. O
grande Caetano Veloso na música “Sozinho” já anunciara: “ Por que você me deixa tão solto?/ Por que
você não cola em mim?/ ...Um carinho às vezes faz bem.../Estou me sentindo
muito sozinho...” Infelizmente, a nova geração está cada vez mais sozinha,
solta, apesar de estar cercada de aparelhos tecnológicos que ditam as regras do
jogo para uma multidão de seguidores. Onde
estamos falhando?!
Valores éticos, condutas morais são ensinados e construídos
no dia-a-dia, ações práticas ensinam bem mais do que ficarmos na velha teoria. Uma caneta diferente na minha casa eu buscava
saber a origem, porque educar tem que ser para uma vida. E sem
diálogo, a educação está condenada a fracassar. Não poderia falar de ética sem
dar exemplos éticos, um troco errado, por exemplo, teria que ser devolvido, uma
fila teria que ser respeitada, nada de procurar burlar o sistema. Fiz meus
filhos seguidores, com muito orgulho.
O livro “Os sertões” de Euclides da Cunha relata sobre a Guerra de Canudos e a forte influência de um beato chamado Antônio
Conselheiro na vida de sertanejos pobres. Será que Antonio Conselheiro não era
uma velha baleia disfarçada de religioso que abocanhou uma multidão de seguidores no sertão baiano levando-os para a morte?
Eram homens, mulheres e idosos famintos, sedentos, rotos, desabrigados e decepcionados com o sistema político brasileiro,
por isso caminharam sertão afora em busca de um local digno para se morar. E
hoje? Nossos jovens bem alimentados tem sede de quê? Caminham para onde? Mesmo
cercados de informações, marcham desinformados, obedientes como ovelhas à
caminho do matadouro.
Onde estão os sonhos? Para viverem perigosamente, jovens colocam
a própria vida em risco, ultrapassando todos os limites da prudência. E sabe
quem impõe um limite ao jovem? É a família. Pai, mãe, avós... Eles estão mais próximos e precisam
enxergar o que os filhos carregam nas “mochilas”, e o mais importante, de que
forma eles (pais) contribuíram para torná-la mais leve ou pesada. Se a família
entregar a criança ou jovem aos cuidados do computador, poderá não tê-la(o)
nunca mais de volta ou resgatá-lo “deletado”,
agindo feito máquina também.
Jovens que não sabem a
direção a seguir, qualquer caminho serve. Os desencontros na caminhada são
consequências de uma geração que grita liberdade de expressão, liberdade
sexual, mas como ovelhas seguem fiel e silenciosamente para o matadouro. É mais um jogo que testará a sua liberdade de
desligar ou não o aparelho, de mudar ou não de opção de leitura, porque se a
sociedade não tivesse parido “as baleias
coloridas”, qualquer outro mamífero faminto
à espreita de um alvo fácil iria se levantar para mamar. Alimentá-los ou não,
também é opção.
Os perigos da internet não são virtuais, são reais. Há tantas formas de testar o potencial, a leitura é uma delas. Em vez de
espalhar vírus, montagens com fotos de políticos, espalhe literatura, compartilhe textos
saudáveis, você não precisa curar o mundo, basta curar a si mesmo. Esse é o
primeiro grande passo. E o segundo
passo? Há uma grande chance de você gostar de literatura digital a ponto de
tornar a leitura um vício e voltar aqui
outra vez...
Elisabeth Amorim
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